A cidade perdida
A cidade perdida
Tecemos a transparente cidade
(nós, dez mil loucos benfazejos).
Meu verdor juvenil a germinou
sobre a velha sequidão do Oeste.
Calendários na terra amoldaram
frontispícios de casas e pessoas
onde em sombras deixei tédios
e a imensidão de minhas fugas.
Acolitaram-me no Oeste um sorriso
inaugural e singular de primogênito
e as navegações de outros rostos
no ventre enaltecido da amada.
A vida me floresceu esta cidade
e edificou descendentes e poemas.
Minhas mãos porém me diluíram
e voaram no dorso dos ventos.
Os filhos se evolaram a outras terras
empós do amplo fulgor do Altiplano.
Ressonâncias nas veias e nos ermos,
nas artérias este anseio de mundos.
Joanyr de Oliveira, poeta mineiro, natural de Aimorés.
"Poemas para Brasília", antologia